Sexo, sangue e rock & roll – Fatos e boatos do mundo sobrenatural (***)

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Bem-vindos, amigos de sangue

Bem-vindos, amigos de sangue. Este blog foi feito para pessoas – ops! – mortos-vivos como eu que gostam de jogar conversa fora sobre o nosso universo: o mundo dos bebedores de sangue “de verdade” e também da ficção. Enfim, é um espaço para uma boa conversa fiada regada a muitas taças de sangue e pescocinhos na mira da webcam (ai!). Entre e dê uma mordidinha...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os 35 anos de um clássico

Capa da segunda edição do livro

Gente: Entrevista com o Vampiro, clássico da literatura vampiresca escrito por Anne Rice, completa 35 anos em 2011. Publicado em 1976, o livro foi o responsável pela renovação da imagem do bebedor de sangue ao contar a história de Louis, um vampiro bonito e sedutor em conflito com sua natureza assassina pois se recusa a abandonar sua humanidade. Me lembro que, quando li, há um bom tempo (bota tempo nisso – a edição que eu tenho é essa da capa lilás e já está praticamente aos pedaços), me apaixonei pela obra e mal pude esperar para conferir os livros que, até então, compunham suas Crônicas Vampirescas (a saber: O Vampiro Lestat – tão bom quanto Entrevista com o Vampiro – e A Rainha dos Condenados). Em homenagem, aqui segue o trecho inicial do livro, cuja edição brasileira tem tradução de ninguém menos que Clarice Lispector, para, quem sabe, "convencer" aqueles que ainda não leram a se aventurar por uma das melhores histórias de vampiro já escritas.
"– Compreendo...
Disse o vampiro pensativo, caminhando lentamente pela sala até a janela. Durante muito tempo permaneceu de pé em frente à luz fraca e à torrente de tráfego da Rua Divisadero. Agora o rapaz conseguiu ver os móveis da sala mais claramente, a mesa de carvalho redonda, as cadeiras. Numa das paredes, uma bacia pendia sob um espelho. Apoiou a maleta na mesa e esperou.
– Qual a quantidade de fita que você trouxe? – perguntou o vampiro, virando-se agora de modo a que o menino pudesse ver seu perfil. – O suficiente para registrar a história de uma vida?
– Certamente, se for uma vida movimentada. Às vezes chego a entrevistar três ou quatro pessoas, numa noite de sorte. Mas tem de ser uma boa história.
– É claro – respondeu o vampiro. – Então, gostaria de lhe contar a história de minha vida. Gostaria muitíssimo de fazê-lo.
– Ótimo – disse o jovem. E tirou rapidamente o pequeno gravador da maleta, testando a fita e as pilhas. – Estou realmente ansioso por saber por que você acredita nisso, por que...
– Não – disse o vampiro rispidamente. – Não podemos começar desse jeito. Seu equipamento já está pronto?
– Está.
– Então sente-se. Vou acender a lâmpada.
– Pensei que os vampiros não gostassem de luz – comentou o rapaz. – Mas caso ache que a escuridão pode ajudar a criar uma atmosfera...
Então, parou de falar. O vampiro o observava de costas para a janela. O rapaz não conseguia tirar nenhuma informação daquela expressão, mas, ainda assim, havia algo no vulto quieto que o perturbava. Começou novamente a tentar falar, mas não disse nada. E então viu, com alívio, que o vampiro se dirigia à mesa e apertava o interruptor.
A sala foi imediatamente invadida por uma desagradável luz amarela. E o rapaz, fitando o vampiro, não pôde deixar deixar de engolir a seco. Seus dedos bailaram novamente pela mesa, agarrando a borda.
– Meu Deus! – murmurou, fitando, sem fala, o vampiro.
O vampiro era incrivelmente branco e suave, como se tivesse sido esculpido em osso decorado. Seu rosto parecia tão inanimado quanto uma estátua, exceto pelos dois olhos verdes e brilhantes que examinavam o rapaz atentamente, como se fossem chamas saindo de um crânio. O vampiro sorriu, quase  melancolicamente, e a substância branca e macia de seu rosto se moveu como as linhas infinitamente flexíveis, mas mínimas, de um desenho animado.
– Compreende? – perguntou suavemente.
O rapaz estremeceu, levantando a mão como se quisesse se proteger de uma luz poderosa. Seus olhos passearam lentamente pelo paletó preto, de bom corte, que tinha somente vislumbrado no bar, as longas dobras da capa, o lenço de seda negra amarrado no pescoço, e o brilho do colarinho branco, tão branco quanto a carne do vampiro. Fitou, espantado, seu cabelo cheio e negro, as ondas cuidadosamente penteadas para encobrir a ponta das orelhas, os cachos que mal tocavam a borda do colarinho branco.
– Agora, ainda quer a entrevista? – perguntou o vampiro.
A boca do rapaz ficou aberta, sem emitir nenhum som. Balançava a cabeça. Depois disse:
– Quero."
Entrevista com o Vampiro ainda é publicado no Brasil pela Rocco (é vendido a R$ 42,00 no site da editora, que detém a obra de Anne Rice no Brasil) e chegou aos cinemas em 1994, com direção de Neil Jordan e estrelado por Brad Pitt (Louis), Tom Cruise (Lestat), Kirsten Dunst (Claudia) e Antonio Banderas (Armand). Vale lembrar que a série Crônicas Vampirescas é composta pelos seguintes livros: Entrevista com o Vampiro (1976),  O Vampiro Lestat (1985),  A Rainha dos Condenados (1988), A História do Ladrão de Corpos (1992), Memnoch (1995), O Vampiro Armand (1998), Merrick (2000), Sangue e Ouro (2001),  A Fazenda Blackwood (2002) e Cântico de Sangue (2003). Anne Rice também escreveu outros livros sobre o assunto na série chamada de Novos Contos de Vampiros: Pandora (1997) e Vittorio, o Vampiro (1999).

Anne Rice vem ao Brasil em setembro

P.S.1: Coincidentemente, no aniversário de 35 anos da obra que a tornou conhecida, Anne Rice vem ao Brasil como uma das atrações da XV Bienal do Livro do Rio, entre 1º e 11 de setembro no Riocentro. Ele vai lançar De Amor e Maldade, segundo volume da trilogia sobre anjos iniciada com Tempo dos Anjos. Ainda sem informações sobre dia e horário, mas Anne mandou um recado para os fãs brasileiros no blog da jornalista Fernanda Ezabella, correspondente do jornal Folha de S.Paulo (Fernanda fez uma longa entrevista com a escritora). Ela disse que adora o Brasil, país que visitou nos anos 1990, e fala sobre seu novo novo projeto, The Wolf Gift, que será sobre lobisomens! Segue o vídeo:


P.S.2: Para mais informações sobre a XV Bienal do Livro do Rio, basta acessar o site oficial. Aliás, Anne Rice não é a única escritora internacional do universo fantástico a participar do evento. Alysson Noël (Os Imortais), Deborah Harkness (A Descoberta das Bruxas) e Lauren Kate (Fallen) também vêm.

2 comentários:

  1. nossa! adorei esse post, Vampira! eu ja li e reli varias vezes esse livro que tb é o mesmo que o seu...rs e assiti várias vezes o filme tb. Tb já li o Vampiro Lestat e a Rainha dos Condenados. Agora falta ler os outros...Sou fãnzona da Anne Rice. Seus livros me levam ao mundo daqueles que mais me excitam: os vampiros. são seres fantásticos!!

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  2. Que bom que você gostou. A Anne Rice é uma das minhas escritoras favoritas. E legal que ela virá ao Brasil, não é mesmo?

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