Sexo, sangue e rock & roll – Fatos e boatos do mundo sobrenatural (***)

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Bem-vindos, amigos de sangue

Bem-vindos, amigos de sangue. Este blog foi feito para pessoas – ops! – mortos-vivos como eu que gostam de jogar conversa fora sobre o nosso universo: o mundo dos bebedores de sangue “de verdade” e também da ficção. Enfim, é um espaço para uma boa conversa fiada regada a muitas taças de sangue e pescocinhos na mira da webcam (ai!). Entre e dê uma mordidinha...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

É para ser digerido lentamente

Lars von Trier (de vermelho) conversa com os
atores durante as filmagens de Melancolia

Confesso que tive de esperar alguns dias para escrever sobre Melancolia (Melancholia, Dinamarca/ Suécia/ França/ Alemanha, 2011), do diretor Lars von Trier. Isso porque, como deixei claro no título do post, este é um filme para ser digerido lentamente. Saí da sala de cinema com um tremendo ponto de interrogação na cabeça. Os roteiros dos jornais e sites especializados em cinema definem o mais recente trabalho do polêmico cineasta dinamarquês como ficção-científica. É uma classificação simplista. Está certo que a trama tem como pano de fundo a expectativa em torno do planeta Melancolia, em rota de colisão com a Terra – será que ele vai mesmo se chocar com o nosso mundinho ou os astrônomos erraram os cálculos? Correndo o risco de também parecer simplista, cheguei à conclusão de que Melancolia é um filme sobre o fim do mundo. Literalmente e metaforicamente. Sim, a vida na Terra está ameaçada pelo planeta Melancolia, porém fica claro que ela acabou há muito para as irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsborg), apesar de as aparências mostrarem o contrário. Justine tem uma espécie de "surto melancólico" no dia do seu casamento, cuja cerimônia caríssima foi paga pelo cunhado, John (Kiefer Sutherland). Como que para desafiar os limites de Claire (e, por que não dizer, os dela própria), Justine praticamente não participa da festa e, para completar, rejeita o noivo, Michael (um contido Alexander Skarsgård). Uma cena emblemática que demonstra esse abandono ao qual Justine se permitiu chegar é quando, vestida de noiva, ela se agacha, abaixa a calcinha e urina no campo de golfe do cunhado. Claire, por sua vez, se esconde atrás da fachada de mãe/esposa perfeita, a senhora do castelo construído pelo marido que não a fez esquecer em nenhum momento de quem é o dinheiro. E com a ameaça de destruição da Terra cada vez mais distante da hipótese, ela vê seu mundo particular desmoronar em meio a momentos de extrema frivolidade – ela cozinha bolo de carne na expectativa de que o apelo afetivo do prato tire Justine de seu estado catatônico pós-casamento, mas, curiosamente, o que faz com que a irmã "se liberte" é, justamente, a proximidade do fim do mundo. É uma conformidade que traz a redenção. "A vida só existe na Terra. E não por muito tempo", resume Justine. Repito: é um filme para ser digerido lentamente. E não é para todo tipo de audiência.

Kirsten Dunst em cena do filme: é o
fim do mundo como o conhecemos

P.S.: Vale destacar a beleza visual de Melancolia (a sequência inicial é maravilhosa!) e para as participações dos ótimos John Hurt e Charlotte Rampling, como os pais de Justine e Claire, e de Stellan Skarsgård, como o surreal padrinho do noivo/patrão da noiva.

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